sábado, 7 de abril de 2012

Cimento alternativo é desenvolvido na USP


Na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisadores desenvolveram um cimento alternativo para ser utilizado na produção de fibrocimento.
O produto poderá substituir em até 80% o cimento portland, que é usado na composição do fibrocimento, como aglomerante.
Durante os testes, o fibrocimento alternativo mostrou maior durabilidade e menor custo, além de ser menos agressivo ao meio ambiente.
Cimento magnesiano
Cimento alternativo é desenvolvido na USP"O material não será produzido para utilização em fins estruturais, mas sim para elementos construtivos ou artefatos, como telhas e painéis de fechamento", avisa o engenheiro civil Carlos Gomes, responsável pelo desenvolvimento.
A base do novo produto, segundo Gomes, são compostos de óxido de magnésio.
"O cimento à base de óxido de magnésio, chamado de cimento magnesiano, começou a ser estudado por volta de 1867. Contudo, devido ao seu alto custo, a utilização ficava inviável", justifica o engenheiro. O óxido de magnésio é usado principalmente na produção de materiais refratários.
Gomes adicionou algumas cargas minerais ao óxido de magnésio que acabaram por reduzir o custo. "Conseguimos então um produto que, na composição do fibrocimento, pode substituir por completo o cimento portland", garante o pesquisador.
A característica menos agressiva ao meio ambiente fica por conta do processo de produção do cimento alternativo. Gomes conta que o produto é menos alcalino que o cimento tradicional. "Verificamos ser possível menores emissões de carbono durante a produção. Ao mesmo tempo, o produto consegue capturar mais carbono do meio ambiente", explica.
Vantagens do cimento alternativo
Os testes com o cimento alternativo revelaram vantagens no processo produtivo, com um menor tempo para produção. O material também é menos agressivo às fibras, devido à sua baixa alcalinidade e apresenta vantagens também quanto à durabilidade.
Gomes conta que, nos testes realizados com fibrocimentos compostos por fibras de escória de alto-forno ou celulose, a degradação (envelhecimento acelerado) dos materiais foi superior aos 56 dias, um tempo padrão recomendado pelas normas.
"Quando substituímos o portland pelo cimento alternativo, não observamos a degradação das fibras", conta o engenheiro, lembrando que os testes são realizados com a imersão do produto em água quente.
Outra vantagem é em relação à "cura final", ou seja, quando o material atinge a secagem e ponto de resistência ideais. Segundo Gomes, enquanto o fibrocimento com cimento alternativo atinge o ponto ideal (cura) em cerca de 40 minutos, o produto feito com o cimento portland atinge sua cura somente em torno de 28 dias depois.
O engenheiro destaca que o cimento alternativo ainda passará por testes que serão realizados na própria EESC em protótipos de habitações populares.

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